#JornalismoMetô: ABC tem mais mortes no trânsito que a capital de SP

Da Redação*

As sete cidades do ABC têm mais acidentes de trânsito seguidos de morte do que a cidade de São Paulo. A cada dois dias, pelo menos uma pessoa morre nas ruas da região, segundo levantamento da Secretaria de Segurança Pública do Estado. A média de homicídios culposos, sem intenção de matar, chega a 6,5 vítimas fatais por 100 mil habitantes na região, enquanto que em São Paulo é de 3,4 a cada 100 mil habitantes.

A taxa de lesão corporal culposa no ABC é de 43,2 para cada 10 mil veículos, maior do que na capital, que é de apenas 1,5 a cada 10 mil carros. Para os especialistas, a principal causa da alta no índice de acidentes é o aumento da frota de veículos na região, que cresceu 70% nos últimos dez anos, enquanto a população aumentou apenas 16% no mesmo período.

São Bernardo é a cidade que registra as maiores taxas de acidentes. Em 2011, o município teve 1.880 ocorrências de lesão corporal culposa por acidente de trânsito. Só em janeiro deste ano, os Departamentos de Polícia já tiveram 116 registros do mesmo tipo de ocorrência na cidade.

Segundo o diretor do Departamento de Engenharia de Tráfego de São Bernardo, Paulo Takarabe, as estatísticas sobre mortes no trânsito da região são feitas de duas formas. Uma delas é de mortes registradas no IML (Instituto Médico Legal). “Nós não ficamos sabendo de fato a origem dessas mortes, pois estão incluídos os acidentes em toda a região da cidade, inclusive nas rodovias que cruzam São Bernardo”, disse Takarabe, se referindo a Via Anchieta, Imigrantes, Estrada Velha de Santos, Rodovia Índio Tibiriçá e Rodoanel.

Ainda segundo o engenheiro, em 2011, São Bernardo teve 2,08 mortes para cada 10 mil veículos. “Mundialmente se aceita como um padrão positivo o índice de mortalidade por 10 mil veículos igual ou inferior a 3”, disse.

Outra forma de medir as mortes no município é quando elas são registradas nos relatórios dos Boletins de Ocorrência dos Batalhões da Policia Militar (no caso, 6º e 40º Batalhões), que correspondem apenas aos óbitos ocorridos nos locais dos acidentes. “Neste caso, foram registradas, em 2011, 30 mortes na cidade”, contou Takarabe.

Segundo o consultor de engenharia de tráfego e transportes Horácio Figueira, quase 90% dos acidentes ocorrem em regiões boêmias ou em vias que permitem altas velocidades. “São Bernardo, por exemplo, tem várias ruas com variedades de bares. Isso por si só é um problema, levando em consideração que é alto o número de pessoas que bebem e dirigem, e o problema é ainda maior quando essas ruas ficam próximas a rodovias, como a Anchieta”, disse Figueira, que classifica o problema de trânsito na cidade como crônico.

Entretanto, o engenheiro de tráfego Paulo Takarabe diz que não é possível relacionar os acidentes com o consumo de bebidas. “Nos Boletins de Ocorrência não são citados os elementos motivadores dos óbitos, portanto, não conseguimos estabelecer a relação”.

Para Takarabe, uma das principais causas de acidentes no trânsito é a imprudência dos motoristas. “Está comprovado estatisticamente que cerca de 90% dos acidentes são causados por falhas humanas, tanto do condutor quanto dos pedestres”.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, 95% dos homicídios culposos que aconteceram na região em 2011 foram causados no trânsito, o que significa um aumento de 5,3% em relação a 2010, ou seja, 216 casos a mais em um ano.

A cidade de Ribeirão Pires foi a única que não registrou nenhum caso de acidente de trânsito em 2011. Segundo levantamento feito pelo Departamento de Polícia do município, até janeiro de 2012 também não foi registrado nenhum caso.

Atrás da líder São Bernardo em 2011, a cidade de Santo André registrou 1.615 casos de lesão corporal culposa por acidentes de trânsito. Diadema aparece em terceiro lugar, com 1.010 casos registrados no mesmo período.

Em 12 meses, Mauá registrou 813 casos, e é a quarta cidade do ABC com maior número de casos de lesão corporal culposa por acidentes de trânsito. São Caetano registrou 206 casos e Rio Grande da Serra, apenas 35.

*Esta reportagem foi produzida por alunos do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo