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“Estudantes com dificuldades financeiras deveriam pagar suas dívidas vendendo um dos rins”, defende inglesa

Via BBC

Uma pesquisadora britânica disse que estudantes com dificuldades financeiras deveriam pagar suas dívidas vendendo um dos rins

Cirugião segura um bisturi e um recipiente plástico para o rim.

Sue Rabbitt Roff, cientista social da Universidade de Dundee, na Escócia, disse em um artigo que o pagamento pelos órgãos deveria ser visto como um “incentivo” aos doadores. No entanto, a Associação Médica Britânica disse que não apoiaria a venda de órgãos.

Atualmente, a lei britânica proíbe a prática e considera crime também a tentativa de vender ou comprar órgãos para transplante. A legislação brasileira também proíbe estas práticas.

Em um artigo para a publicação online BMJ, tradicional revista médica britânica, Roff alertou para a dificuldade crescente de conseguir doadores de rins no país .

Ela afirmou que um sistema de pagamento regulamentado e submetido a “regras rigorosas” não seria o mesmo que os mercados negros que existem em muitos países. “Seria um incentivo para aqueles que querem fazer uma boa ação e conseguir dinheiro o suficiente para, por exemplo, pagar empréstimos universitários”, disse.

A pesquisadora disse ainda que o valor de um rim deveria ser estipulado em 28 mil libras (cerca de R$ 71 mil), o equivalente à média de renda anual dos britânicos. “Recentemente, passamos a permitir que estranhos, ainda vivos, possam doar órgãos a pessoas com quem nunca terão uma relação emocional ou genética. Isso é uma mudança muito grande em relação ao século passado, quando se presumia que membros de famílias, ligados geneticamente, iriam querer doar órgãos entre si”, afirmou.

Aumento da demanda
Segundo a pesquisadora, três pessoas morrem a cada dia na Grã-Bretanha, na lista de espera por um transplante de rim – o número de doações não acompanha a demanda por órgãos.

Roff afirma que a demanda pelos órgãos deve subir, acompanhando o aumento de casos de diabetes e pressão alta. Mas o diretor do comitê de ética da Associação Médica Britânica, Tony Calland, rejeitou a proposta da pesquisadora.

“A doação de órgãos deve ser altruísta e baseada em necessidades clínicas. A doação de órgãos vivos oferece um risco pequeno, mas significativo”, disse Calland “Criar um sistema de pagamento pode fazer com que os doadores se sintam motivados a correr riscos sem refletir, baseados na sua situação financeira.”

A Human Tissue Authority, organização que regula o uso de órgãos na Grã-Bretanha, disse que “continuaria a investigar” os fatores que possam aumentar o número de transplantes de órgãos através dos incentivos a doadores vivos.

No entanto, um porta-voz da organização disse que “uma vez que as relações entre doadores e receptores potenciais são variadas, continuaremos a garantir que a doação de órgãos de pessoas vivas seja algo que elas fazem voluntariamente e sem recompensa financeira”.

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