Bloco do Pink Floyd arrasta roqueiros no interior de Minas
By Thiérri on mar 9, 2011 in diversos
Nada de sambas, tamborins e mulatas. Em Pedralva, no sul de Minas Gerais, a festa de carnaval reúne jovens vestindo preto, com bandanas na cabeça, guitarras nas mãos e muito rock. Na cidade de pouco mais de 11 mil habitantes surgiu em 1998 o Bloco Pink Floyd, quando cinco amigos apaixonados por rock decidiram fazer “algo diferente e inusitado” para a folia. No ano seguinte, o bloco reuniu 50 integrantes. Em 2011, já são mais de mil, segundo os organizadores do bloco.
“Eu tinha 16 anos e como meus amigos, éramos apaixonados por rock. Aqui na cidade não havia alternativas culturais e o carnaval era fraco, sem desfiles e blocos de rua. Como Pedralva tem muitas bandas formadas, principalmente de rock, decidimos aproveitar isso”, diz o professor Giovani Reis, de 29 anos, um dos fundadores do Bloco Pink Floyd, que busca homenagear a famosa banda inglesa.
A reportagem do G1 acompanhou, na noite desta terça-feira (8), o desfile do bloco com mais de mil foliões-roqueiros pelas ruas de Pedralva. Animados, roqueiros de toda a parte do país, principalmente Minas, Rio de Janeiro e São Paulo, curtiam três bandas que tocaram rock pesado durante o trajeto, principalmente Pink Floyd. Do outro lado da rua, a prefeitura organizou uma festa pública. Nesta área, sim, algumas marchinhas e sambas. Mas o rock também tocava.
Um grupo de 16 amigos provenientes da capital paulista, entre eles cinco integrantes da banda Dirigível 260, estão acampados desde domingo (6) em Pedralva. Eles curtem desde 2004 o carnaval com o Bloco Pink Floyd e mesmo com a chuva, aproveitaram a festa.
“Tocamos na nossa banda muito rock anos 60 e o rock está no sangue, faz parte da nossa vida. O carnaval de Pedralva é muito bom”, diz o músico Cauê Ribeiro Sarecci, de 22 anos. Ele e os amigos estão em quatro barracas em um camping improvisado no centro de exposições da cidade, onde colchões infláveis e roupas estão jogados para todos os lados.
Outro trio de amigos veio de Guaratinguetá, no interior de São Paulo, e também está acampado no parque. Eles também são músicos e, durante o desfile do Bloco Pink Floyd, aproveitaram para trocar contatos com outras bandas. “Sou guitarrista e também toco violão em uma banda de rock e o carnaval de Pedralva garante diversão saudável. O povo aqui nos recebe bem. Uma cidade interiorana, mas com harmonia. Há muita união entre os jovens do bloco”, diz Kaic Alkmin Vieira.
Para curtir a folia no bloco basta comprar a camiseta de R$ 25, que garante entrada no Clube Recreativo e Literário da cidade, onde bandas fazem uma espécie de festival do rock antes do desfile, que começa às 22h. Na noite desta terça-feira, o público curtiu as bandas Zamat, Monquei Cofee e Red and Black. Após a caminhada dos roqueiros pelas ruas acontece o show mais esperado com uma banda cover do Pink Floyd no Brasil – a Enigma.
“Todos os anos várias bandas de rock nos procuram para tocar no bloco. É uma forma de divulgação da música, pois em Pedralva temos também o Pedrorock, um festival de rock em julho. Nossa cidade já se tornou a capital do rock”, diz Giovani Reis. Segundo ele, o cantor Arnaldo Batista, de “Os Mutantes”, entrou em contato com o bloco pelo Twitter dizendo que apreciava o modelo da festa.
História da banda motiva o bloco
A cada ano, o bloco usa um disco do Pink Floyd como mote para a criação de sua camiseta e material de divulgação. Em 2011, o escolhido é o álbum “The Wall” (A Parede) lançado em 1979.
“Inspiramos nosso material na história da banda, que é muito rica, e tem um rock progressivo com letra e melodia especiais. Muita gente nos procura pensando que pegamos as letras e as músicas do Pink Floyd e transformamos em samba ou pagode no carnaval. Mas não é nada disso. É rock mesmo. Não misturamos os ritmos. Só juntamos tudo com a festa que é o carnaval”, conta Reis.
O bloco tem até um poeta apaixonado por rock que declama poemas durante a folia inspirados em músicas de Pink Floyd. O paulista Cristóvam Túlio Martins usou o pseudônimo de Mavotsirs para declamar, na noite desta terça-feira, durante o desfile nas ruas, o poema “Pregadores”, em homenagem ao símbolo da banda, que são dois martelos cruzados.
“O símbolo dos martelos cruzados que usamos não é uma apologia ao nazismo. Pelo contrário, simboliza a rebeldia, os trabalhadores que faziam sempre a mesma coisa, e querem mostrar que podem fazer acontecer”, diz o poeta.
Via G1
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