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Trotes com castigo dão lugar à solidariedade

Na tentativa de evitar as confusões anunciadas pelos tradicionais trotes aplicados por estudantes veteranos aos calouros no início do ano letivo, as instituições de ensino superior do ABC cedem espaço para ações de solidariedade. Assim, entre as iniciativas predominam doação de sangue e arrecadação de alimentos para distribuição a vítimas de tragédias. Para especialista em Psicologia Educacional, a nova modalidade estimula o papel social que o estudante deverá desempenhar depois de formado.

Na FEI (Fundação Educacional Inaciana), em São Bernardo, a segunda fase da campanha, destinada a integração, teve início nesta quarta-feira (9) também tem cunho social. A ação, que no passado foi de doação de sangue, desta vez é de arrecadação de alimentos para as vítimas das chuvas no Rio de Janeiro.

Ainda em São Bernardo, o trote na Faculdade Anchieta também deu lugar à campanha de arrecadação de alimentos não perecíveis e de objetos de higiene pessoal. As doações serão encaminhadas para as vítimas das enchentes da região, principalmente de Mauá. Os postos de coleta foram instalados no campus da avenida Senador Vergueiro, 505; e da rua Atlântica, 729. Telefone 2823-1000.

A Anhanguera promove campanha de trote responsável com o mote Você começa seu projeto de vida e ajuda outras pessoas a recomeçar para ajudar as vítimas das enchentes no Brasil. A campanha será realizada entre os dias 21 de fevereiro a 25 de março e deve envolver mais de 300 mil alunos da Anhanguera. Para incentivar a participação, a sala de calouros que obtiver o maior número de doações receberá prêmio. A expectativa é arrecadar kits suficientes para atender mais de 46 mil vítimas das enchentes.

Doação de sangue
Já na Umesp (Universidade Metodista de São Paulo), entre os dias 17 e 19, os estudantes organizam mutirão para levar colegas até hemocentros para. Os interessados em doar sangue podem se inscrever pelo portal www.metodista.br desde que tenham mais de 18 anos, pesem mais de 50 kg e estejam em boas condições de saúde. É necessário portar documento original com foto. A ação ocorre no campus Rudge Ramos, em São Bernardo.

O DCE (Diretório Central dos Estudantes) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) criou, neste ano, a campanha Cuide bem de seu bixo para incentivar a guarda responsável de animais de estimação. O trote, realizado semana passada, também contou com salão de beleza para os calouros, atividades de integração e arrecadação de alimentos e ração animal.

Marisa Irene Siqueira Castanho, professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Educacional do Centro Universitário FIEO (Fundação Instituto de Ensino para Osasco), afirma que as práticas solidárias têm sido a saída socialmente aceita contra os atos de violência entre universitários. “Os cursos podem aproveitar seus potenciais criativos por parte dos veteranos com medidas que despertam desde cedo o valor social da profissão para a qual os jovens ingressam”, sugere.

Prática nasceu na Idade Média
As primeiras universidades européias na Idade Média tinham por hábito isolar os alunos iniciantes em uma sala chamada vestíbulo (daí vestibulandos), onde suas roupas eram retiradas, queimadas, os cabelos tosados – tudo por medidas de higiene, segundo o professor Antônio Álvaro Zuin, na obra O trote na universidade – passagens de um rito de iniciação.

Antônio Álvaro Zuin conta que a tradição se estendeu nas universidades européias e chegou ao Brasil por meio dos primeiros alunos que saíam para cursar Direito em Portugal. (NF)

Via Reporter Diário

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