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Suposta faculdade de MG cobra R$ 380 e oferece curso de formação de cambistas

Reprodução

Apesar de ser uma atividade condenável, o ato dos cambistas virou objeto até de aulas no “ensino superior”. A Faculdade Internacional dos Cursos Livres, situada em Ituiutaba, em Minas Gerais, oferece o “curso de cambista”. Para se formar, o interessado terá de superar cinco módulos e aprender alguns pontos curiosos, como “comprar ingressos a um preço x e depois vender a um preço x + y (sic)”.

Para conhecer um pouco mais sobre a instituição, o UOL Esporte se passou por um cliente interessado no “curso de cambista” e telefonou para a Faculdade Internacional dos Cursos Livres. Do outro lado da linha, uma atendente, chamada Ana Claudia, deu detalhes e, questionada diversas vezes, negou que o curso incentive práticas ilegais ou de má-fé.

“O cambista é aquele que, em uma linguagem popular, é um bilheteiro. Ele é capacitado para trabalhar em bilheterias em geral. Por isso não existe nada ilegal no nosso curso”, explicou a funcionária da instituição de ensino.

Mesmo com a explicação, alguns pontos expostos na própria página da faculdade denunciam o contrário. Alguns tópicos explicam que “Como qualquer empresário o Cambista é um Oportunista (sic)”, “Cambista é uma Profissão que é Criada pela Mão-invisível (sic)”, “É estranho imaginar que a bilheteria Não ocupe o papel do cambista (sic)”, entre outros.

Embora esteja, teoricamente, em Minas Gerais, a instituição oferece cursos à distância. Dessa forma, para ter a oportunidade de se aprofundar nesta atividade, o interessado pagará R$ 380 e receberá pelo correio, segundo a atendente da faculdade, vídeos, apostilas e uma prova para ser respondida. Como brinde, o aspirante a cambista também terá uma carteirinha de estudante.

O certificado de conclusão do curso, segundo a instituição, será entregue apenas se o estudante acertar 15 das 25 perguntas do teste, independentemente do tempo que o interessado levar para responder.

“O único tempo estipulado é a carga de 280 horas. A média de distribuição vai do ritmo de cada um”, completou a atendente da Faculdade Internacional dos Cursos Livres, que não tem qualquer vínculo com o MEC, o Capes ou CNE, fato que não dá qualquer tipo de validade aos certificados e diplomas emitidos pela instituição.

CONHEÇA A GRADE CURRICULAR DO CURSO DE CAMBISTA

MÓDULO I – Objetivo
01 – Troca de Moedas
02 – Bilheteiro
03 – Lucro
04 – O Abordar o cliente
05 – Trocavam moedas de vários valores
MÓDULO II – Atuação
06 – Porta de Estádios
07 – Porta de Baladas
08 – Porta de Bares
09 – Nas Ruas
10 – Lojas
MÓDULO III – Introdução
11 – Tais Cambistas proporcionavam assim maior estabilidade às trocas comerciais
12 – Livraram os comerciantes do Transportes de altos valores
13 – Época em que as rotas de comércio ainda não ofereciam segurança
14 – Com o Tempo os cambistas começaram a ser chamados de banqueiros
15 – Faziam Empréstimos aos comerciantes mediante a cobrança de juros
MÓDULO IV – A Invenção do Cambista
16 – Os Economistas e estudantes de Economia Aprendem a Entender
17 – Como qualquer empresário o Cambista é um Oportunista
18 – No Sentido menos pejorativo da Termo
19 – Seu Objetivo é comprar ingressos a um preço x e depois vender a um preço x + y
20 – Como Todo negociante ele tenta maximizar esse y
MÓDULO V – Conclusão
21 – Cambista é uma Profissão que é Criada pela Mão-invisível
22 – É estranho imaginar que a bilheteria Não ocupe o papel do cambista
23 – Acredito que foi por isso que a mão invisível criou o Cambista
24 – Imagine a irritação das pessoas na fila ao verem a bilheteria reajustando os preços na hora
25 – O mercado funciona na base dos erros e Acertos

ATO DE CAMBISTAS É ILEGAL

Segundo o novo Estatuto do Torcedor, o artigo 41-F prevê pena de um a dois anos de reclusão a quem vender ingressos de eventos esportivos por preço superior ao estampado no bilhete.

Já o artigo 41-G prevê pena de até quatro anos a quem fornecer, desviar ou facilitar a distribuição de ingressos para venda por preço superior ao estampado no bilhete.

MEC RESPONDE

A instituição intitulada “Faculdade Internacional de Cursos Livres” não é credenciada pelo Ministério da Educação nem seus cursos são autorizados ou reconhecidos. Não são cursos superiores e sim cursos “livres”, como a própria instituição esclarece em seu site. No entanto, o fato de a instituição utilizar o nome de “Faculdade” pode induzir os estudantes ao equívoco. Por isso, o Ministério da Educação irá notificar a instituição para que adote as providências necessárias no sentido de deixar de utilizar tal nomenclatura, assim como será encaminhada comunicação aos órgãos responsáveis pela Defesa do Consumidor para que adotem as medidas cabíveis em relação à possível propaganda enganosa.

Via Uol

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